Para a criação e plantio de 25 mil mudas de Araucária e a realização da festa tradicional da colheita – a Sapecada do Pinhão, que não se realiza desde 1950, o Instituto Alok apoia em Santa Catarina o projeto “Preservação das Araucárias – Guardiões da Zág”, realizado pelo Instituto Zág.
A organização liderada por jovens indígenas da etnia Xokleng da Aldeia Figueira, já plantou mais de 77 mil mudas da árvore de pinhão – a base da alimentação da aldeia e usada também na produção de remédios. De cada pinhão consegue-se fazer uma muda que leva cerca de um ano para germinar, plantada em saco biodegradável.
Fotos: Arquivo Instituto Zág
O processo de reflorestamento envolve toda a comunidade de mais de 2 mil indígenas. O reflorestamento de uma área de 14 mil hectares e a preservação do conhecimento tradicional em torno da árvore conhecida como Zág são as principais missões do Instituto Zág. A árvore Zág (Araucária) possui valor sagrado e simbólico para os povos Xokleng, mas atualmente está em vias de extinção devido a séculos de exploração descontrolada. A Mata das Araucárias ou Mata dos Pinhais é um ecossistema que pertence ao bioma da Mata Atlântica.
Com os recursos doados pelo Instituto Alok será possível a reforma do viveiro de mudas, a compra de ferramentas para plantio e colheita e a realização da festa da Sapecada do Pinhão depois de 70 anos.
PRÊMIO INTERNACIONAL – O Instituto Zág é a única organização brasileira que está entre os vencedores do importante Prêmio Equatorial, em sua edição 2023. A iniciativa do PNUD (ONU) destaca grupos indígenas que demonstram e exemplificam o desenvolvimento sustentável, celebrando-os num cenário internacional. O Prêmio entregue em solenidade transmitida virtualmente no dia 7 de novembro de 2023. O Instituto Alok associa-se ao Prêmio Equatorial ( @equatorinitiative ) apoiando o vencedor brasileiro.
Sobre o povo Xokleng
No início do séc. os indígenas Xokleng de Santa Catarina, foram duramente combatidos e quase dizimados por “bugreiros”, como eram conhecidos no Sul do Brasil milicianos contratados para atacar indígenas. Com o genocídio, restaram apenas 104 pessoas. Em 1989 foi construída uma barragem pelo governo que inundou boa parte da terra. Mas o povo Xokleng resistiu e hoje somam-se mais de 2 mil pessoas vivendo no Sul do país.
No ano de 2019 o governo do estado de Santa Catarina, por meio do Instituto Ambiental, despejou o povo Xokleng, alegando que eles ocupavam ilegalmente duas unidades de conservação: a Serra da Abelha e a reserva biológica de Sassafrás. Os Xokleng recorreram da decisão e foi aí que se depararam com o argumento do prazo, que o estado de Santa Catarina utilizou para justificar o despejo. O caso acabou por chegar ao Supremo Tribunal, cujo veredicto recente deu vitória ao povo Xokleng e rejeitou a tese do Marco Temporal.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica estende-se do Nordeste do Brasil para o sul ao longo da costa atlântica brasileira, nordeste da Argentina e Leste do Paraguai. É um dos ecossistemas mais diversificados do planeta, atrás apenas da Amazônia.
A floresta da terra indígena Ibirama-Laklano, no interior de Santa Catarina, foi muito destruída por causa do grande valor comercial da madeira da araucária. O desmatamento desenfreado da ‘Araucaria angustifolia’, variedade nativa da região sul do Brasil, colocou esta espécie na lista oficial de flora ameaçada de extinção no país, divulgada em 2022. De suas árvores de troncos compridos, casca áspera e galhos em forma de castiçal, são extraídos madeira e pinhões, sementes ultra nutritivas que constituem a base da alimentação dos Xokleng.
Sobre o Instituto Zág
O Instituto Zág, foi criado em 2017 e é uma organização liderada por jovens indígenas da etnia Xokleng da Aldeia Figueira, no interior do Sul do País, cuja principal atividade é o reflorestamento e a preservação do conhecimento tradicional em torno da árvore araucária, conhecida como Zág.
A árvore Zág possui valor sagrado e simbólico para os povos Xokleng, mas atualmente está à beira da extinção devido a séculos de exploração descontrolada. Desde sua fundação já foram plantadas 77 mil mudas de araucárias.
Por meio de suas ações, o Instituto Zág reconhece a interdependência entre a árvore Zág e o povo Xokleng.